segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Amigo algoz

"Há quem deseje o seu mal. 

Há quem deseje o seu bem. 

Cerque-se daqueles que desejam o seu bem".


Ouvi a frase por acaso no último domingo num programa de televisão. Me chamou a atenção a afirmação, mas principalmente a parte "cerque-se daqueles que desejam o seu bem". A gente sempre quer estar cercada pela família e amigos, ou seja aqueles que nos amam e aqueles que desejam nosso bem. 

Mas como saber que aquele amigo ali do lado é realmente seu amigo? 

Como ter certeza que aquela pessoa deseja mesmo nosso bem? 

A reciprocidade em uma amizade não deveria ser absoluta?

Quando eu compartilho da minha vida com um amigo eu espero sua fidelidade. 

Mas o que acontece quando você abre a porta da sua casa, do seu coração e em troca você descobre que aquela pessoa amiga e confidente jogou suas palavras ao vento, não foi fiel e ainda distorceu fatos e acontecimentos?

O que você faz quando descobre que a mesma mão que te auxiliou é responsável por uma traição dolorida, redemoinho de mentiras e falsidade?

Que tipo de amigo é este que frequenta a tua casa e fala mal de você pelas costas?

Que se vitimiza perante às pessoas para camuflar o seu desvio de caráter?

Que se aproveita do relacionamento para contaminar outras pessoas, algumas delas amigos em comum?

Amiga?

Que tipo de amiga é esta?

Amigo então é aquele que te estende a mão e te apunhala pelas costas ao mesmo tempo?

Por causa dela lembro de um trecho de No caminho com Maiakóvski: 

"..Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim..na segunda noite já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão..até que um dia o mais frágil deles entra em nossa casa, rouba-nos a luz e arranca-nos a voz da garganta..."

Amiga?

Amiga??

Amiga???

Algoz!!!

Um algoz que teve a abertura que precisou enquanto vestia sua segunda pele. 

Ela tentou, mas não tirou minha voz!

Me machucou?

Sim me machucou...

Mas eu estou de pé!

E meu jardim está mais florido e colorido do que nunca.


domingo, 3 de novembro de 2013

Não existe dia ruim




"Não existe dia ruim", é este o título do texto do Carpinejar no Caderno Donna da ZH deste domingo. 

Sou fã do Fabrício, que de forma leve e ritmada afirma que mesmo quando tudo parece perdido, algo bom acontece.  Ele diz muito do que a gente gostaria de dizer.

Me identifiquei.

Há sempre algo a agradecer, há sempre algo bom que faz a vida valer a pena!

Leia o texto aqui.

sábado, 2 de novembro de 2013

Dias de paz

Vista da janela da cozinha na casa do meu pai. 
Muito verde, ar puro, montanha e passarinhos cantando.


Se eu fosse colocar uma trilha sonora neste post eu poderia começar com "A paz" de Gilberto Gil, que no primeiro verso expressa: "a paz, invadiu o meu coração, de repente me encheu de paz..."

Depois poderia vir "De volta para o meu aconchego" da Elba Ramalho e em seguida viria "Majestade o Sabiá" do Chitãozinho e Xororó, com a famosa estrofe: "Tô indo agora pra um lugar todinho meu, quero uma rede preguiçosa pra deitar..."

E para desopilar ouviria "Come away with me" da Norah Jones e terminaria com uma canção oração da Cassiane: "A minha casa está bem edificada, pois na rocha está firmada, nada pode lhe abalar..."

Dias de paz foram os dias que passei na casa dos meus pais em Santa Catarina.
Eu estava precisando deste tempo.
Ficar com os que me são caros, rever amigas de muitos anos, cuidar das minhas meninas, olhar para o mar...um afago na alma.

Quero bis. Já estou na contagem regressiva!

domingo, 1 de julho de 2012

dia de domingo

Ontem escutei um terapeuta falando sobre a importância de escrever nossos sentimentos, fazer relatos para desabafar e até em criar um diário para registrar fatos importantes da nossa história, da nossa vida, ou apenas registrar os sentimentos...

Eu sempre gostei de escrever meus sentimentos e opiniões. Aliás, quando eu preciso desabafar ou me sinto injustiçada recorro à escrita e ao traçar cada linha, escrever cada palavra começo a sentir uma espécie de leveza, de alívio...

Às vezes faz falta poder conversar com alguém que te conheça, que seja amigo, te ame e não tente te analisar...Saudades da época em que esse tipo de conversa sincera era uma realidade possível.

Necessito verbalizar e deixar viver meus gritos internos que só ecoam por meus pensamentos...

Viver o que quero deixar viver.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O amor nunca morre?



Hoje pela manhã percebi que além do sol que iluminava o quarto havia mais uma nova orquídea em meio às outras que fazem parte de um lindo arranjo.

As orquídeas foram um presente da minha amiga Marli para minha mãe, que fez aniversário dia 13 de março..minha mãe voltou para a casa dela e deixou as flores comigo para que eu cuidasse e para que elas não fossem feridas durante a viagem.

Já se passaram três meses e as flores continuam firmes, fortes e bem azuis.

As regas acontecem todas as semanas, às terças-feiras, como veio solicitado nas orientações de como se cuidar de orquídeas.

Hoje cedo meditei em como as flores conseguem resistir às intempéries do dia-a-dia e continuam nos alegrando, nos dando sua cor, da sua beleza, do seu perfume...

...tão diferente de algumas atitudes que tomamos na vida...

Eu não consigo pegar uma pessoa da minha família e guardá-la no fundo de um baú imaginário e fazer de conta que ela não existe. O pulso ainda pulsa...ela continua lá.

O meu pulso ainda pulsa, o que faz meu coração vivo... e o meu coração nunca negará a máxima sempre atual:

O amor sempre vence.

quinta-feira, 10 de março de 2011

terça-feira, 8 de março de 2011

Vista Cansada


Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta.
Um poeta é só isto: um certo modo de ver.
O problema é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo.
Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é.
O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta.
Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê.
Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório.
Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro.
Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência.
Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia.
Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer.

Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência.
O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos.
E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê.
Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo.

O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê.
Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas.
Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos.
É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

(Otto Lara Resende)

----
 
Que não nos deixemos contaminar pela indiferença.
Parafraseando o querido Pessoa: que nossos olhos contemplem todo dia a novidade do mundo!